segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Meu maior receio durante as viagens

Durante o segundo turno das eleições de 2006, descobri que tinha sido condenada por um crime que não cometi. Uma prima havia furtado, em 2004, um supermercado numa cidade do Rio Grande do Sul onde nunca estive antes: Encantado. Ela foi presa em flagrante por formação de quadrilha e furto e, na delegacia, se passou por mim. Nenhum documento foi apresentado.
O processo rolou, sem eu nunca imaginar, e a justiça me condenou. Ela chegou a ficar presa por 30 dias no presídio feminino da capital gaúcha como se fosse eu. E, em nenhum momento, pediram documentos para provar. Inclusive, na época, eu estava com mandado de prisão até 2010... Enquanto isso, eu, aqui em Santa Catarina, poderia ter sido presa a qualquer hora do dia, em qualquer lugar. Foi um verdadeiro pesadelo, confesso!
Por sorte, e muitos e muitos furos no processo (eita, Justiça brasileira), meu advogado conseguiu provar que não era eu. Foram muitos gastos com cartório, para autenticar documentos que comprovavam que eu estava em solo catarinense e trabalhava na época; com médicos, para provar minha altura, cor dos olhos, cor dos cabelos; com viagens aos fóruns de Encantado e Porto Alegre, entre outros. Isso sem contar o dano moral.
Enfim, contei a breve história apenas para dizer que os danos permanecem dentro de mim até hoje. Quando fui fazer meu passaporte, na Polícia Federal de Criciúma, meu receio era que houvesse resquícios daquele caso. Tremi, suei, quase chorei... Fiquei com medo. Por sorte, tudo deu certo.


Mas o receio ressurge todas as vezes que vou viajar para outros países. Quando chego perto da Polícia Federal ou da Aduana, fico gelada em pensar que ela pode ter se passado por mim novamente ou que ainda tenha um mandado de prisão por aí. Agora, terei que renovar meu passaporte e, confesso, novamente surgem os medos.
Além disso, sempre que preciso viajar, vários sentimentos tomam conta do meu ser: por um lado, a alegria de arrumar as bagagens, de conhecer novos lugares e culturas, de vivenciar outros momentos. Por outro, o medo, a tremedeira, a agonia, a angústia que sempre me dá quando preciso passar pela segurança dos aeroportos.
Acredito que isso nunca mais irá passar e sempre ficarei com um "pé atrás". Também não confio mais na Justiça brasileira que, além de morosa, é falha, errônea. Por incrível que pareça, nem o tempo conseguiu apagar esta marca e a dor por ter sido condenada por um crime que não cometi.
Esse post pode ser lido como um desabafo, ou apenas como um aviso de que nem todas as pessoas são confiáveis e que certas marcas nunca são apagadas, infelizmente!

Foto: Divulgação


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