Se você for a Caxias do Sul e tiver pouco tempo, esforce-se
pelo menos um pouquinho para conhecer o cartão postal da cidade: a Igreja de
São Pelegrino. Para visitá-la não precisa ser religioso, basta querer ver belas
imagens.
O que a igreja tem de especial? Ela é uma obra de arte. Ela
foi pintada com afrescos de Aldo Locatelli. Esta igreja é conhecida como a
Capela Sistina brasileira, em uma referência aos afrescos de Michelângelo, na
Sistina, no Vaticano.
A imponência da igreja se dá pela altura da torre, em um
segundo momento pelas três portas feitas em bronze. Elas remetem à Justiça, a
Paz e ao Amor. No frontão da porta principal, a da Paz, Locatelli recontou a
história da imigração italiana para o Rio Grande do Sul. Ainda na porta da paz,
tem uma homenagem a Ana Rech. Ela saiu da Itália, no fim do século 19, com 12
filhos, o marido a abandonou no porto, ficando na Itália. Ao chegar ao Brasil,
precisou desbravar a região de Caxias, e abriu uma espécie de restaurante para
atender os tropeiros que passavam por Caxias em direção a Vacaria. Em uma
noite, uma criança foi abandonada em sua porta e ela a acolheu e criou 13
filhos.
Na região onde era o restaurante é hoje o distrito de Ana Rech.
Na entrada ainda da igreja há uma réplica da Pietá de
Michelângelo. É uma linda imagem de Nossa Senhora segurando Jesus, após ele ser
retirado da cruz.
Bem, agora vamos a igreja em si. Quando entrei levei um
choque. Mesmo em um dia nublado, a igreja estava bem clara. O teto é todo
pintado com afrescos: um deles é a criação do mundo, a criação do homem, a
expulsão do paraíso e o maior deles, o juízo final. Nas paredes laterais, há
desenhos de anjos e quadros com as estações da via cruzes (mas os quadros de
Aldo Locatelli têm um traço completamente diferente do usado nos afrescos. Eles
são modernistas e lembram um pouco de Portinari, um contraste maravilhoso).
No altar-mor em afresco também está a Santa Ceia e abaixo,
representações dos apóstolos como animais. Nas laterais do altar, duas imagens,
a de São Pelegrino e de Nossa Senhora do Caravaggio.
Fui duas vezes à igreja. A primeira na segunda-feira com o
pessoal do passeio Caminhos da Colônia (o ponto de partida é sempre a igreja) e
na quarta-feira fui sozinha. Queria ver se teria diferença na iluminação em um
dia de sol (na segunda estava nublado). É impressionante, com a luz do sol,
fica mais suave, tem um efeito dourado, no dia nublado, é mais dramático, mais
acinzentado, azulado.
Fotos: Destino Mundo Afora